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6 fatos sobre o gari, patrimônio carioca não reconhecido

Personagem atuante 24 horas por dia para manter a cidade limpa, o gari merece ser reverenciado. Conheça mais sobre este profissional
Cristo Redentor iluminado de laranja em homenagem ao Dia do Gari
Seguindo uma tradição dos últimos anos, o Cristo ficará laranja em homenagem aos garis

[Bernardo Brigagão] O #bestofthebest não vive só de roteiro, diversão, história. Estamos aqui para celebrar o Rio e o que ele tem de melhor. Claro que não poderíamos deixar de prestar uma homenagem ao gari – profissional que deveria ser alçado à condição de Patrimônio Imaterial Carioca (está lançada a campanha!). Neste 16 de maio, quando se comemora o Dia do Gari, até o Cristo vai se iluminar de laranja para festejar. Aproveitamos a data para trazer algumas curiosidades e números importantes, expressando assim nossa gratidão. E viva o gari!

1 – A origem do nome

A profissão de gari, inerente à cultura carioca, tem uma origem que nos faz viajar aos tempos do Império brasileiro. Em 1876, o empreendedor francês Pedro Aleixo Gary firmou com a Corte o primeiro contrato de higienização pública do país, estabelecido no Rio de Janeiro. A empresa assumiu a responsabilidade pela retirada de resíduos nas residências e praias da então capital federal por aproximadamente um ano. Ao término desse período, a Superintendência de Limpeza Pública e Privada foi inaugurada, encarregada dessa incumbência. No entanto, os habitantes já estavam acostumados a designar os trabalhadores de limpeza como a “equipe do Gary”, fazendo menção ao sobrenome do empresário. Se houvesse sujeira, bastava convocar os “garys”. A pronúncia original (garrí) acabou se modificando com o tempo, mas o apelido tornou-se amplamente conhecido e se espalhou por outros estados brasileiros.

2- O exército da limpeza

Com 49 anos recém-completados na última terça-feira (15/5), a Comlurb conta com 19 mil trabalhadores no total, dos quais 12.839 são garis (9.294 homens e 3.545 mulheres), o que coloca a empresa como a principal organização de limpeza urbana na América Latina. A atividade ocorre incessantemente ao longo das 24 horas do dia em diversas áreas da cidade, englobando serviços como coleta domiciliar e seletiva, manutenção de espaços públicos, limpeza de praias, parques, instalações urbanas, escolas municipais, além da higienização de hospitais, túneis e viadutos. 

3 – Grandes eventos, sujeiras imensas

Os garis são presença constante em todos os grandes eventos do Rio, assegurando que tanto turistas quanto habitantes locais desfrutem das festividades da cidade sem preocupações. Isso inclui o Réveillon, o Carnaval (nos locais como o Sambódromo, Intendente Magalhães, blocos de rua e bailes populares), os jogos no Maracanã e no Engenhão, o Auto da Paixão de Cristo na Lapa e, mais recentemente, o show de Madonna na Praia de Copacabana. No Réveillon de 2024, 1.579 garis recolheram 484 toneladas de lixo da orla carioca, utilizando 97 caminhões e 37 tratores, entre outras máquinas. Já no show da Madonna, os 1.518 garis mobilizados recolheram 287 toneladas de resíduos da Praia de Copacabana.

4 – Coleta seletiva vem crescendo

A Comlurb atende com o serviço de Coleta Seletiva 122 bairros da Cidade do Rio, do total de 162. Todo o material coletado é entregue a 28 cooperativas de catadores, credenciadas à Companhia, que fazem a separação e comercializam os produtos. Atualmente, o recolhimento porta a porta é feito uma vez por semana, em dias alternados ao da coleta domiciliar. A Companhia lançou no ano passado o Selo Azul, selo que certifica os condomínios que aderirem ao serviço da Comlurb. As equipes de coleta seletiva fazem reuniões regulares em condomínios e de sede de associações de moradores em busca de maior adesão ao serviço. Há ainda recolhimento de materiais potencialmente recicláveis pelas equipes da Comlurb em escolas municipais.

Segundo o DataRio, cada carioca produz, em média, 500 Kg por ano – isso mesmo, meia tonelada – de lixo que vai parar em aterros sanitários. Os resíduos recolhidos através de coleta seletiva chegam a 59.088 toneladas/ano. Os dados são de 2022. Vinte anos antes, quando começou a série histórica, eram apenas 4.370 toneladas.

5 – Sempre em forma

A pesquisa ainda não foi feita especificamente sobre os garis cariocas, mas não é à toa que eles estão sempre em forma: varrer uma rua é uma atividade de altíssima queima calórica. Segundo o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, a atividade consome 250 calorias/hora.

6 – Quanto ganha o gari?

O gari é um funcionário público concursado. Ele ganha entre R$ 1.953,06 e R$ 2.466,59 de salário por 44 horas semanais, dependendo do estágio da carreira. Além disso, recebe adicional de insalubridade no valor de R$ 676,30 e outros adicionais, inclusive por coleta domiciliar, além de anuênios e triênios, ticket alimentação (acima de R$ 710) e horas extras por trabalho aos fins de semana ou à noite. Também tem auxílio-creche e seguro de vida, plano de saúde, seguro odontológico, vale-transporte e café da manhã. Isto, sem contar o direito à meia-entrada em eventos culturais, como cinemas e shows, na cidade do Rio. 

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