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Roteiro do Centro (Zona Portuária)

Nosso segundo roteiro do Centro começa na Praça Mauá e vai até o AquaRio

Nosso segundo roteiro do Centro começa na Praça Mauá (que aliás, se comunica, via Orla Conde, com a Praça XV, ponto central de outro roteiro aqui do BoB, já conferiu?). Vamos em frente?

1 – A Praça Mauá nasceu em 1910, como fruto do crescimento da atividade portuária carioca – a Praça XV ficou pequena pra receber todo mundo. O nome é uma homenagem ao Barão de Mauá, principal empresário da época do Império, que tem uma estátua no local (feita pelo mesmo Rodolfo Bernardelli da estátua de Osório, na Praça XV). A praça foi remodelada em 2015, em função dos Jogos Olímpicos do ano seguinte, e atualmente é cortada pelo VLT, que vai da região da Rodoviária até o Museu de Arte Moderna e é uma boa forma de se locomover por lá. 

2 – Ali na entrada da praça, colado à Avenida Rio Branco, fica o imponente prédio do jornal “A Noite”, que ao ser inaugurado, em 1930, era o maior arranha-céu da América Latina e o maior do mundo em concreto armado, com seus 102 metros de altura. De autoria do arquiteto francês Joseph Giré – o mesmo autor do Copacabana Palace –, o prédio abrigou a partir de 1936 a Rádio Nacional, na ocasião a principal emissora do país. Ela ficou por lá até 2012, quando o prédio foi desocupado pela União, sua proprietária desde os anos 30. Em 2023, a Prefeitura comprou o imóvel e depois o revendeu para a iniciativa privada, que vai transformá-lo em residencial. 

3 – Aproveita que tá ali pertinho, entra na Rua Dom Gerardo e sobe a Ladeira de São Bento, onde ficam o Mosteiro (desde 1588!) e a Igreja de São Bento (construída entre 1633 e 1798), uma das maiores pérolas do barroco nacional, com sua fachada austera e o interior totalmente banhado a ouro. Todos os domingos, às 10h, acontece ali uma missa concorridíssima, com canto gregoriano. O mosteiro fica aberto diariamente, das 6h30 às 18h30 (você precisa estar vestido adequadamente), com exceção do claustro, só acessível em datas festivas, como o Domingo de Ramos e o Dia de Finados. Nessas ocasiões, os fiéis podem sair da missa e participar da procissão por lá, mas é proibido fotografar ou filmar, pois teoricamente não se trata de uma visita turística.

4 – De volta à Praça Mauá, temos dois museus inaugurados às vésperas dos Jogos de 2016. O Museu do Amanhã (de 2015) é um projeto monumental do espanhol Santiago Calatrava, que logo pulou para o topo das listas de museus mais visitados do Brasil; o Museu de Arte do Rio (MAR), de 2013,  uniu duas antigas construções de estilos arquitetônicos distintos. O visual lá de cima, sobre a Praça, é lindo.

5 – A poucos passos dali fica o Morro da Conceição, escondido atrás dos edifícios da região. A ocupação do morro data do século XVI, e algumas vielas preservam um casario antigo, que testemunham a ascendência portuguesa do Rio. Aos seus pés, temos a Pedra do Sal, local onde o sal era descarregado das embarcações que ali aportavam. Depois tornou-se ponto de encontro de sambistas que trabalhavam como estivadores, e era frequentado por nomes como João da Baiana (que dá nome a um largo), Pixinguinha, Heitor dos Prazeres e Donga (autor de “Pelo Telefone”, primeiro samba a ser gravado, em 1916). Até hoje a Pedra do Sal é ponto de encontro em torno da música, das sextas às segundas-feiras. Também é ponto de interesse para a cultura religiosa afro-brasileira: ali foram fundados os primeiros terreiros de candomblé cariocas.  

6 – Ainda como parte da chamada “Pequena África” (nome dado por Heitor dos Prazeres), temos o Cais do Valongo, principal ponto de desembarque e comércio de escravizados nas Américas. Entre 1811 e 1831, cerca de 1 milhão de pessoas trazidas da África chegaram por ali. Em 2011, durante escavações arqueológicas, o cais foi novamente revelado e, em 2017, ganhou lugar na lista de patrimônios mundiais da Unesco. Os negros que não resistiam à viagem e morriam antes de serem vendidos eram sepultados no chamado Cemitério dos Pretos Novos, descoberto por causa de obras em 1996.

7 – Ainda na região (Rua Pedro Ernesto, 80), foi criado o Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Muchab). Já a Casa da Tia Ciata (Rua Camerino, 5) é dedicado à memória da matriarca do samba. O Largo de São Francisco da Prainha (sim, o mar ia até ali antes do aterro) reúne muita gente em torno de seus bares Casa Porto, Bafo da Prainha e Angu do Gomes. 

8 – A Zona Portuária – que entrou no mapa turístico neste século – tem ainda a roda gigante Rio Star, de onde se avista o Morro da Providência (primeira favela carioca) e toda a região, além do AquaRio (na Praça Muhammad Ali), o maior aquário marinho da América do Sul, com 4,5 milhões de litros d’água. Dali em direção à Praça Mauá, passamos pelo Boulevard Olímpico, diante dos armazéns do porto. Entre outras obras de arte urbana, destaque para “Etnias”, do artista Kobra, painel com nada menos que 180 metros de largura por 17 de altura. Fora do Boulevard, mas ali pertinho do AquaRio, fica a Praça da Harmonia, que costuma receber muita gente em torno de seu coreto na época de carnaval, já que alguns blocos desfilam por lá.

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